sábado, maio 24, 2008

Oportunidade

Nunca encontrei nada que tão bem descrevesse o sentido da palavra oportunidade:

“A oportunidade surge como uma folha flutuando na nossa frente, trazida por um rio veloz. Ficamos na margem com uma única hipótese de a apanhar. Praticamos a nossa capacidade de precisão, projectando os membros na direcção da água, como se agarrássemos a superfície onde imaginamos que a folha irá passar. Ensaiamos isto vezes sem conta, talvez dia após dia, adquirindo confiança na nossa técnica. E depois, quando a folha surge, se hesitamos, se ponderamos sobre as nossas possibilidades um segundo mais, se receamos que o pé resvale na borda do rio… a folha desaparece….” in À procura de firebelly J.C. Michaels

Sócrates vs Sartre

Sócrates exorta: "Conhece-te a ti próprio", Sartre diz: "Cria-te a ti próprio!"
Em Sartre está presente a liberdade mais pura: "aquilo que agora faço, criará aquilo em que me tornarei", é isto o verdadeiro "livre arbítrio". Teremos consciência desta liberdade? Saberemos nós estar à altura de tamanho desafio? Esboçar o nosso próprio destino… será isto um solipsismo? Que fazemos nós com tão vasta liberdade? Absorvemos o mundo como uma esponja e deixamo-nos moldar por ele ou estamos convictos da nossa possibilidade de criação? Se somos apenas um produto do mundo em que nascemos, então não somos nada….o invólucro que protege a nossa vida, quando partir, estará vazio… em cada passo uma escolha, em cada escolha um caminho, nova oportunidade de nos criarmos...

Imaginação

Rodopia à minha volta a imaginação, pareço um carrossel de ideias inconcretizáveis… as minhas tentativas de a segurar têm sido infrutíferas…esquiva-se de cada vez que lhe toco… tanta ideia fervilhante em mim e não as consigo fazer passar ao estádio seguinte da materialização… tem dias de fazer isto… parece que lhe dá gozo a angústia com que a procuro… enche-lhe o ego sentir-se essencial, saber que sem ela nada é reproduzido para fora de nós… nem nada de nada vai dentro… acontece por vezes fazer estas travessuras, greves em que se alia a uma quebra metabólica e em conjunto desenvolvem uma preguiça mental que turva as ideias… tudo pára… maliciosa esta imaginação, é como se tivesse prazer em me desafiar a ser capaz de sem ela produzir alguma coisa…

E qual é o interesse da imaginação se não sabemos o que fazer com ela?

quinta-feira, maio 22, 2008

Perspectiva

Notícia:
Aquelas árvores são únicas no nosso continente e estão a morrer. Têm morrido uma a uma. Havia milhões de árvores destas, formando uma cúpula de flores brancas que cobriam as montanhas no início do Verão. As árvores eram grande e esguias e forneciam uma madeira extremamente forte para a construção de casas. Toneladas de frutos secos pendiam dos seus ramos, excelente alimento para animais e pessoas. Mas tudo isso faz parte do passado: acabou-se a madeira e acabaram-se as castanhas para armazenar para o Inverno. Os pequenos rebentos que existem agora morrerão dentro de poucos anos, perderam o potencial de se tornarem em árvores magestosas. Tudo isto acontece porque foi introduzida acidentalmente uma praga vinda da Ásia. É um fungo que mata aquele tipo de castanheiro autóctone. No espaço de cinquenta anos morreram todas as árvores adultas. Ainda brotam rebentos novos de muitos cepos que subsistem, mas em breve sucumbirão ao fungo e morrerão antes de ficarem suficientemente desenvolvidos para gerar sementes. Rebentos estéreis, é tudo o quanto resta.

Conclusão:
Por vezes uma coisa muito pequena pode ter consequências muito grandes e inesperadas.

Perspectiva:
Limitamo-nos a sentir a história da árvore, e quanto à praga? Que felicidade não deve ter sido para o fungo, que agora pode expandir-se por um vasto território! E quanto às outras árvores e plantas que agora ocupam o espaço deixado pelos castanheiros? Tudo depende da perspectiva de cada um...

Estranho isto das perspectivas... e repensar a vida nessa perspectiva? Ui... pior ainda...

quarta-feira, maio 21, 2008

O que nos move

Intrigou-me o pensamento que de mansinho foi surgindo: que força nos move? Tempestade cerebral... como pode um curto e insignificante pensamento chegar assim de rompante, insurgir-se e sacudir o que já cá está? Com uma atitude provocadora atira o seu charme, estimula sinapses mas não se desvenda, não se decifra nem se clarifica… vontade de prendê-lo, imobilizá-lo e interrogá-lo... arrancar-lhe à força a resposta... sinto-me assediada pelo desafio… afinal que força nos move? E no entanto, perco-lhe o rasto... consegue esquivar-se, no meio de todos os outros pensamentos mimetiza-se… ainda não é desta que terei a resposta…

terça-feira, maio 20, 2008

A vida é...

Partilho o melhor que já li:

"A Vida está cheia de arestas imperfeitas. É uma viagem fabulosa em direcção ao desconhecido, uma estrada ilusória através de uma floresta de penumbra. A Vida é uma deambulação, um caminho labiríntico, sinuoso, tortuoso, sem indicações nem avisos. A Vida é uma borboleta debatendo-se para se libertar do casúlo. A Vida é...
Nunca dizemos apenas isto, pois não? A Vida é... Dizemos que é uma coisa física, palpável, uma coisa que podemos experimentar com os nossos sentidos, percorrer o nosso corpo. Tornamo-la tangível, visível, e depois analisamos os seus atributos. Falamos da Vida para que possamos moldar um lugar para nós próprios, entre uma miríade de possibilidades. Mas fracassamos. Não podemos, com efeito, dizer que a Vida é. Restam-nos as metáforas e as analogias para descrever a passagem do tempo." in À procura de Firebelly - J.C. Michaels

Chama

Somos uma chama débil, de duração temporária e destinos semelhantes.
Brilhamos tímidos no início, com forte vigor no auge e mais ténues no fim.
Nesta realidade há algumas certezas, brilharemos sempre e transmitiremos continuamente o nosso calor ao espaço que nos rodeia; o nosso fim será semelhante, seremos transformados em cinza e fumaça, dissipa-se o calor e a chama apaga-se. O que ficou? A memória de uma bela Luz, o cheiro da essência da alma, o calor transmitido. Parece trágico o destino da vida terrena, mas ficará por aqui? Parece um desperdício incrível de potencial…veremos quando for a nossa vez…

segunda-feira, maio 19, 2008

Finalização

Assim se remata mais um dia, mais uma oportunidade... nunca um dia deve chegar a termo sem que permitamos a nós próprios uma análise relativa do nosso desempenho e um agradecimento especial pela bênção obtida. Todos nós somos portadores de dois sacos que no final de cada dia temos de encher, um com os acontecimentos menos positivos e outro com os positivos, neste colocaremos cada pequena coisa que tivermos alcançado, cada sorriso que recebemos, o nascer do Sol, um arco-íris… o balanço entre os dois sacos será analisado e é certo que o maior peso justificará a gratidão e permitirá a preparação para o próximo que vier…

Hoje..

Hoje regozijo-me com o calor do Sol, que vai surgindo por entre as nuvens, contemplo a ternura que nos transmite... tudo isto envolve a correria permanente da Vida, a azáfama constante pelo enquadramento no conceito social de sobrevivência…porque corremos nós sem contemplar cada brisa do vento, cada perfume que a Natureza nos oferece? Torna tudo mais simples saber que a grandiosidade que nos rodeia faz parte daquilo que nós somos e, por isso, devemos beber dela a energia e a força para correr…

domingo, maio 18, 2008

Que...

Que jamais, em tempo algum, o meu coração acalente o ódio.
Que o canto da maturidade jamais asfixie a minha criança interior.

Que o meu sorriso seja sempre puro e verdadeiro.
Que as pedras no meu caminho sejam sempre encaradas como lições de vida e me permitam no final construir um castelo.

Que a música seja sempre minha companheira dos momentos secretos comigo mesmo.
Que os meus momentos de amor contenham a magia da minha alma eterna em cada beijo.

Que os meus olhos sejam dois sóis olhando a luz da vida em cada amanhecer e iluminem todos os que se cruzem no meu caminho.
Que cada dia seja um novo recomeço, onde a minha alma dance na luz.

Que em cada passo meu fiquem marcas luminosas da minha passagem em cada coração.

Que em cada amigo, o meu coração faça festa e celebre o encanto da amizade profunda
que liga as almas afins.

Que nos meus momentos de solidão e cansaço tenha sempre presente no coração
a lembrança de que tudo passa e se transforma, quando a alma é grande e generosa.

Que o meu coração voe contente nas asas da espiritualidade consciente,
para que perceba a ternura invisível tocando o centro do meu Ser eterno.

Que um suave vento me acompanhe, na terra ou no espaço, e por onde quer
que a força invisível do amor leve o meu viver.

Que o meu coração sinta a PRESENÇA secreta do inexplicável!

Que os meus pensamentos, os meus amores, o meu viver, e a minha passagem pela vida
sejam sempre abençoados por aquele amor que ama sem nome.

Aquele amor que não se explica, só se sente.
Que esse amor seja o meu rumo secreto, viajando eternamente no centro do meu Ser.

Que esse amor transforme os dramas em luz, a tristeza em celebração, e os passos cansados
em alegres passos de dança renovadora.

Que jamais, em tempo algum, me esqueças da PRESENÇA que está em mim e em todos os seres.

Que o meu viver seja pleno de PAZ e LUZ.

Será?

Será possível com as palavras apagar a solidão da alma?
Será possível com as palavras rabiscar o estado de espírito?
Será possível com as palavras libertar o sentimento?
E qual a diferença entre as palavras escritas e as palavras ouvidas ou faladas?
Será possível a ausência das palavras na vida de todos nós?
E que valor damos nós às palavras que nos acompanham?